“Os célebres Seminários Marx foram uma bela experiência de aprendizado comum, intercâmbio mútuo e confronto de interpretações, não sem polêmicas e controvérsias, mas também com momentos de ironia e de humor. Fui um modesto participante durante os anos 1959-1960. Os quatro brilhantes pensadores que compõem este importante livrinho – Emir Sader, João Quartim de Moraes, José Arthur Giannotti e Roberto Schwarz – representam, de forma coerente e instigante, as lições muito diferentes que cada um tirou dessa iniciativa. Para que serve O capital de nosso amigo Karl Heinrich Marx, cujo Livro I completa neste ano o 150o aniversário? Para estudar o método dialético? Para entender a realidade brasileira? Para tentar transformá-la, como propõe sua Tese XI sobre Feuerbach? Ao leitor cabe tirar as próprias conclusões…” – Michael Löwy, na quarta capa de Nós que amavámos tanto O capital.
 
O Livro
 

Nós que amavámos tanto O capital
Emir Sader, João Quartim de Moraes, José Arthur Giannotti e Roberto Schwarz
de R$ 23,00 
 
Coletânea de textos de Roberto Schwarz, José Arthur Giannotti, João Quartim de Moraes e Emir Sader sobre os estudos d’O capital e o impacto da leitura dessa obra na produção intelectual de cada um. 
 
Nós que amavámos tanto O capital é resultado do Seminário Internacional Marx: a criação destruidora, realizado pela Boitempo em parceria com o Sesc São Paulo em 2013, que recuperou os eventos ocorridos entre 1956 e 1964, quando um grupo de jovens professores da Universidade de São Paulo (USP) dá início ao estudo da obra de Marx. Esses estudos, ficaram conhecidos como Seminários Marx. 

Nessa coletânea, quatro participantes dos Seminários Marx expõem muito mais que seus depoimentos sobre aquela experiência: trazem para o debate atual o significado que tais estudos tiveram para a compreensão científica de realidades brasileiras que desenvolveram em seus trabalhos futuros. Roberto Schwarz, crítico literário e professor de teoria literária, traz em seu depoimento a configuração e a importância dos seminários para a consolidação do marxismo na academia brasileira, bem como as rupturas que ele implicou. O filósofo José Arthur Giannotti já era professor da Faculdade de Filosofia da USP e foi um dos impulsionadores da formação do seminário. Além de enaltecer os capítulos históricos memoráveis da obra marxiana, Giannotti apresenta uma parte considerável das mais diversas “leituras” que se pode fazer de O capital, fundamentalmente do primeiro capítulo, ao qual ele se refere para ressaltar a influência hegeliana na construção do conceito de valor como substância. João Quartim de Moraes, comunista, filósofo e professor da Unicamp, destaca a polêmica em torno de duas interpretações do Brasil, a partir da leitura de Marx, que se formou com as obras de Caio Prado Jr. e Nelson Werneck Sodré. E vai além: ressalta a diferença entre a apropriação de uma obra como O capital por acadêmicos e por militantes. Por sua vez, Emir Sader, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, no programa de Políticas Públicas, resgata a importância de Marx para a compreensão do momento conjuntural, do avanço do neoliberalismo como forma particular da acumulação do capital com dominância da esfera financeira. 

Hoje, com a crise e as perspectivas de avanço do capital sobre a classe trabalhadora, a luta é mais do que necessária, é vital, e a leitura dos clássicos pensadores que se dedicaram a refletir sobre a luta de classes, e principalmente de Marx, não pode ser substituída por rápidas informações das mídias sociais. O grande ganho que esse tipo de estudo dedicado propicia é a possibilidade de uma visão crítica da história. Por isso o exemplo desses intelectuais deve ser seguido com seriedade por aqueles que se engajam na luta emancipatória da humanidade.

[Trechos da apresentação de Sofia Manzano] 

 

Ficha técnica

Título: Nós que amávamos tanto O capital
Subtítulo: Leituras de Marx no Brasil
Autores:  Emir Sader, João Quartim de Moraes, José Arthur Giannotti e Roberto Schwarz
Apresentação: Sofia Manzano
Orelha: Lidiane S. Rodrigues
Quarta capa: Michael Löwy
Páginas: 80
Preço: R$ 23,00
ISBN: 978-85-7559-550-3
Editora: Boitempo
 
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Emir Sader
 
Emir Sader é formado em filosofia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo e coordenador-geral do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Foi secretário executivo do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso) e presidente da Associação Latino-Americana de Sociologia. Autor de Estado e política em Marx (Boitempo, 2014), é colunista do Brasil 247 e comentarista da Rede Brasil Atual.

 
João Quartim de Moraes
 
João Quartim de Moraes é professor colaborador na Unicamp, onde aposentou-se como professor titular, e pesquisador do CNPq, com ênfase em história do pensamento político, instituições brasileiras, materialismo antigo e moderno e marxismo. Graduou-se em ciências jurídicas e sociais e em filosofia na USP e doutorou-se na Fondation Nationale de Science Politique da Academia de Paris. É autor de Epicuro: as luzes da ética (Moderna, 1998) e organizador de História do marxismo no Brasil (Unicamp, 2007).

 
José Arthur Giannotti
 
José Arthur Giannotti é professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, onde ingressou em 1950. Sua tese de livre-docência, Origens da dialética do trabalho, defendida na USP em 1965, foi orientada por Gilles Gaston Granger. Participou da fundação do Partido dos Trabalhadores, mas logo dele se afastou. É autor de Trabalho e reflexão (Brasiliense,1983), O jogo do belo e do feio (Companhia das Letras, 2005) e Lições de filosofia primeira (Companhia das Letras, 2011).

 
Roberto Schwarz
 
Roberto Schwarz nasceu em Viena e naturalizou-se brasileiro. É graduado em ciências sociais pela USP, com mestrado em literatura comparada na Universidade de Yale e doutorado na Universidade de Paris III, Sorbonne. Autor dos clássicos Ao vencedor as batatas (Duas Cidades, 1977) e Um mestre na periferia do capitalismo (Duas Cidades, 1990), é crítico literário marxista, tido como um dos principais continuadores da tradição inaugurada por Antonio Candido.