O escritor xambioaense Luís Alves Ribeiro (Luís Poeta), nome conhecido no meio cultural e político tocantinense, irá lançar o livro O Siena Preto, pela Editora Garcia, o livro é composto de poesias, contos e crônicas escritos ao longo de quase vinte anos, é o primeiro livro à ser publicado do autor, que faz parte da Academia de Letras Juvenil de Araguaína, um dos braços da Acalanto, Academia de Letras de Araguaína e Norte Tocantinense.

A obra é regionalista com elementos populares da região norte do Tocantins, com poesias já premiadas em festivais e eventos literários no Estado.

O autor escreve desde a adolescência, período em que ao lado de agitadores culturais foi responsável pela criação e coordenação de um programa de amostra cultural em Xambioá quando ainda era estudante secundarista, com apoio de alguns parceiro criou em 2003 o Programa Quinta-Cultural que contou com exposição de artes plásticas, músicas, literatura além de danças e outras manifestações culturais do município de Xambioá, sua terra natal.

Para o evento de lançamento o autor conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Xambioá. O evento será realizado no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, no Auditório do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) de Xambioá, onde o autor receberá amigos e amantes da literatura para a noite de autógrafos e apresentação da obra. Embora a obra não seja alusiva ao tema, a data escolhida faz parte do manifesto pessoal do autor pela luta contra o racismo.

Conheça, abaixo, três exemplos da poética de O Siena Preto

NUA

A quentura e aconchego do cerrado
Nesta noite de maio
Com um céu nu
Me faz lembrar
o brilho especial e puro dos teus olhos.


As nuvens de puríssimo branco
Agora ausentes
Me lembram tuas vestes.


E te imagino como esta noite do cerrado,
Aconchegante, quente e nua.

 

PEDRA DE AMOLAR

Para o companheiro Angiledson

Amolar as ferramentas
semear a semente
preservar a árvore de
bom cerne
colher os grãos
preparar a carne
assar o pão.
Amar
Viver o suficiente.

Amolar as ferramentas
plantar
colher
viver.

Sorrir se puder
amar antes de tudo
viver em paz.
amolar as ferramentas.

Sorrir antes de tudo
viver em paz,
plantar com amor
E usar com perfeita submissão aos céus
esta pedra de amolar que é a vida cá na Terra.

 

CONSTATAÇÃO

Constatei que amo
E canto minha terra,
Canto por causa das
praias,
Dos balneários
Do rio Araguaia,
Da canção das lavadeiras,
Do grito dos feirantes,
Da emoção do povo.

Amo minha terra sem
título definitivo.
Cheia de relevos
E de belas imagens
naturais.
Amo cada ladeira que me
faz suar,
E cada curva sinuosa de
tuas ruas,
Que sempre me acolhem
bem.

Amo a Avenida Getúlio
Vargas
Onde a virgem me
abençoa
E roga por meus pecados
E me perdoam só por que
te amo
Xambioá.

Amo a Avenida Araguaia
Com sua vida boêmia
E sua doçura de boa mãe
Que recebe os barqueiros
E tão bem recepciona os
foliões
Em seus carnavais
festivos.

Xambioá, anfitriã de
heróis guerrilheiros
Que lutaram pela
democracia
E perpetuaram sua
história.
Xambioá Guerrilheira
Que continua lutando
sempre
A procura de sustento
E a vida continua.

Minha terra
De cari no trisca
Em tardes de calor no
cinzeiro.

Amo meu chão
Por causa da canção bem
composta

Presente em cada olhar
Dos que lutam pela vida
E constatam que viver
É uma ode aos céus.

Xambioá, a proporção
perfeita
Para uma história de
amor,
Para uma história de luta
Que sempre se revigora.
Xambioá, meu cristal
maior,
Meu pássaro veloz.