Para Weidja Maciel de Andrade

Novamente a passarela nos junta

embaixo os carros se movem
em direção à moça
superdimensionada em sua arca de silicone

a máscara te livra apenas da dor do outro
mas a cidade entra por teus olhos
e embrulha o estômago

adiante a m.officer e gisele
nos oferece a felicidade
em taças rendadas e boca vermelha

a passarela apruma nossos pés
tão longes do mar

embaixo o asfalto se move
os carros partem sem rumo

à direita um túnel
com sua boca engolidora de homens
prédios postes poder

pessoas passam
nós de  mãos dadas sob o guarda-chuva
encontro de olhos e máscaras
a imprimir nossa dor na dor da cidade

a passarela passa
e nossos passos perdidos
pedem passagem