Deixa-me ser a tua amiga, Amor,
A tua amiga só, já que não queres
Que pelo teu amor seja a melhor,
A mais triste de todas as mulheres.
 
Que só, de ti, me venha mágoa e dor
O que me importa a mim?! O que quiseres
É sempre um sonho bom! Seja o que for,
Bendito sejas tu por mo dizeres!
 
Beija-me as mãos, Amor, devagarinho …
Como se os dois nascêssemos irmãos,
Aves cantando, ao sol, no mesmo ninho .
 
Beija-mas bem! … Que fantasia louca
Guardar assim, fechados, nestas mãos
Os beijos que sonhei prá minha boca!

 

ESPANCA, Florbela. Sonetos. Amadora, Portugal: Bertrand, 1978.