Tirar o sutiã à noite
quando o dia se acaba
e com ele o dever de rijos seios.
Tirar o sutiã à noite
despir a couraça
a constrictor
a alheia pele.
Livrar-se de arames
elásticos presilhas
cortar com tesoura o wonderbra.

Toda noite a mulher regressa
da cruzada
e liberta sua santa carne.
Descem as alças pelos ombros
as mãos se encontram nas costas
soltando amarras
e na quietude do quarto
os peitos
como navios
fazem-se ao largo.

 

Marina Colasanti
Fino Sangue
Editora Record – edição 2005