Sinto os dias como engrenagens carcomidas
Que rangem descompassadas gritando a insignificância da vida

Meus pensamentos desesperados criam enorme tumulto em minha cabeça
enquanto minha poesia aparece como o sorriso do gato de Alice,
sempre por ali… sempre ciente de tudo.

As engrenagens se desencaixam e rompem as veias do meu cérebro
Em um derrame inebriante assisto ao baile das multidões
que destroem o mundo freneticamente,
um vício doentio e insuperável

Como uma música que perdeu a melodia,
ouço os gritos desesperados emitidos pela lucidez dos dias.
Ignoro-os.

Em meio ao balé alucinado,
percebo uma nuvem com formato de caos…
quem se importa;
Detalhes são chatos.

E então todo o vermelho do mundo despenca sobre meu teto
Estrondos de vermelho, escombros de teto
Mania de cinza
Tudo se acalma cinza…

E aí já posso voltar à vida… mais cinza do que nunca…!

 Luana Bonone, jornalista e estudante de administração. Diretora de Comunicação da ANPG. É da direção nacional da União da Juventude Socialista – UJS. Publicou ''Garazilda e a Santa Voz'' (1993).