ASSISTA A TRANSMISSÃO DO SEMINÁRIO AQUI

O evento foi realizado nesta sexta-feira, 20, das 9 às 13h, no auditório Samaúma da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA) – Setor Sul do Campus Universitário da UFAM, em Manaus. O seminário foi promovido por uma parceria entre o Centro de Ciências do Ambiente da Universidade Federal do Amazonas (CCA/Ufam), com a Fundação Maurício Grabois.

Durante entrevista coletiva concedida a veículos de comunicação locais, Manuela se mostrou a favor do modelo da Zona Franca, falou da importância da reconstrução da rodovia federal BR-319 e comentou sobre a prisão do ex-presidente Lula, que considera “política”. D’Ávila disse ainda que quer vencer Lula nas urnas.

Manuela contou de quando liderou o debate na bancada do PCdoB sobre a renovação da Zona Franca de Manaus. “Nós compreendemos, o PCdoB desde sempre, e historicamente, que a Zona Franca tem um papel importantíssimo, não só no Estado, mas para o Brasil inteiro, porque a região é estratégica para o desenvolvimento do Brasil. Essa política industrial tem contribuído para que a região se mantenha preservada. Não é a toa que é a região com menor índice de desmatamento da floresta amazônica”, comentou.

Sobre a BR-319, a presidenciável destacou a importância do investimento na infraestrutura. “Nós compreendemos que existe a necessidade de reforços a infraestrutura da BR-319. É inadmissível que a região possa se integrar com os Estados Unidos e o Canadá, e não se integre as regiões Centro-Oeste e Sul do país. Precisamos tirar os empecilhos que entravam a reconstrução da BR-319, considerando-a estratégica para o desenvolvimento da região e do Brasil”, explicou Manuela.

Questionada se pode receber apoio do Partido dos Trabalhadores (PT), já que o então candidato da legenda, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se encontra preso, D’Ávila disse que pode responder apenas pelo PCdoB. Ela também comentou que considera “política” a prisão do ex-presidente Lula.

“Eu só faço o debate pelo meu partido, que é o PCdoB. Temos a nossa candidatura colocada desde novembro. Um dos nossos compromissos é a defesa, não apenas do PT lançar um candidato, mas esse candidato ser o Lula. Consideramos que a prisão dele é política. Quem tem que escolher o próximo presidente da República é o povo. Eu particularmente, quero vencer o presidente Lula nas urnas”, completou.

Programa de Governo

Manuela foi enfática em observar que o objetivo da Fundação Maurício Grabois ao participar da promoção deste seminário, é mais ouvir e acumular para programa de governo, do que apresentar propostas finalizadas. “Quem vê as imensas possibilidades do Brasil de se desenvolver enquanto nação, garantindo uma vida digna para o seu povo, não pode se conformar com a ideia de que nós seremos coadjuvantes globais na saída da crise”, destacou a pré-candidata para uma plateia que lotou o auditório Samaúma da Faculdade de Ciências Agrárias, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

Após cumprimentar os professores presentes e o reitor Puga, ela destacou que não haverá sustentabilidade na Amazônia se não houver autonomia e investimentos nas universidades federais. Ela lembrou os episódios recentes de ações policiais contra reitorias de universidades federais, assim como os brutais cortes de recursos nas áreas de Ciência e Tecnologia.

“O drama do mundo é como sair de uma crise que nós já vivemos há uma década. E o nosso debate nesse processo eleitoral é qual o papel que o Brasil vai jogar nisso: nós seremos esse país sem importância nenhuma no mundo, que entrega as suas riquezas como o petróleo, a floresta, a Eletrobras de bandeja para que as outras nações garantam as suas saídas para a crise, nos tratando novamente como colônia, ou se nós trilharemos o caminho do desenvolvimento que contribua para os brasileiros e brasileiras”, enfatizou.

Para Manuela, é preciso entender que estamos diante de um Governo Federal de caráter antinacional e antidemocrático. “Sem contextualizar isso, não teremos respostas para o que estamos vivendo”. Ela afirmou, como exemplo a necessidade de garantir soberania para iniciar uma debate sobre a sustentabilidade da Amazônia. Para ela, isso demanda liberdade de construir o caminho nacional, apesar de termos um governo atrelado a interesses estrangeiros. A diminuição dos recursos em ciência e tecnologia, assim como a falta de investimento em infraestrutura física e humana, com impacto na qualidade de vida da população mais carente da Amazônia, como populações ribeirinhas e indígenas, e os cortes de investimentos em ciência e tecnologia, inviabilizam um projeto nacional soberano para a Amazônia.

“Um projeto para a sustentabilidade da Amazônia precisa de um governo absolutamente comprometido com o Brasil e radicalmente democrático. Só isso possibilita o combate a desigualdades e assimetrias regionais”, avalia ela. Outra afirmação de Manuela é a necessidade de superar “ingenuidades” de setores ambientalistas, que desconsideram um conjunto de interesses alienígenas sobre as riquezas da Amazônia. “Um conjunto de interesses mimetizados de outras causas que revelam interesses comerciais e industriais de outros países. Precisamos desenvolver, de forma sustentável, garantir emprego e renda para quem mora nela, e não manter a Amazônia como santuário, enquanto outras nações exploram a floresta e seu solo agregando valor e gerando emprego e renda em seus países, e depois nos vendem esses produtos originados na Amazônia”, disse ela.

“Não podemos colocar todas as expectativas na Zona Franca, mas é uma questão estratégica para o desenvolvimento do país e para manter a floresta preservada”, afirmou. Segundo a pré-candidata, a renovação da Zona Franca não é uma questão fiscal, como queriam fazer parecer durante os debates no Congresso, colocando outros estados contra o Amazonas.

Ela também destacou a importância e eficiência da Eletrobras e o impacto de sua privatização. Foi aplaudida ao lembrar o desastre da Barragem de Mariana, como um exemplo de ineficiência da gestão privada. Para ela, é muito grave entregar um complexo da dimensão da Eletrobras, com seu papel estratégico de fornecimento de energia a todo o país, e a gestão de reservatórios de água gigantesco.

Manuela procurou ser sintética, mas tratou também da incapacidade do país de investir em turismo para garantir a sustentabilidade da floresta com rede de serviços avançados, empregos qualificados e renda para a população local. Mas ela concluiu declarando que o Brasil tem todas as perspectivas para o desenvolvimento da Amazônia. “O Brasil tem condições de decidir se quer entregar suas riquezas para que outras nações encontrem a solução para sua crise, tratando-nos como colônia, ou se trilharemos um caminho de desenvolvimento para que brasileiros e brasileiras vivam melhor”.

O Seminário na UFAM

O evento tinha como objetivo analisar a diversidade sociocultural e ecológica da região amazônica, debater a ampliação da infraestrutura regional, além de articular as pesquisas científicas para promover o desenvolvimento tecnológico e sustentável da região.

A solenidade de abertura foi presidida pelo reitor da Ufam, professor Sylvio Puga. O evento contou com palestras do diretor do Centro de Ciências do Ambiente, professor Eron Bezerra; do diretor do Museu da Amazônia (Musa), cientista Ennio Candotti; da senadora da República Vanessa Grazziotin; e do diretor do Núcleo de Altos Estudos da Amazônia, Durbens Martins.

A senadora Vanessa Grazziotin, também falou brevemente e destacou que a melhor contribuição que pode dar ao tema, é traze-lo a realidade do Brasil no Congresso Nacional. “Estamos no Congresso diariamente votando projetos e o orçamento da União”.

O presidente do PCdoB no Amazonas, Eron Bezerra, agradeceu a presença de Manuela D’Ávila no seminário e ressaltou o interesse da pré-candidata em procurar se inteirar das questões amazônicas.

“Alguém que queira ser levado a sério como candidato a Presidência da República, não pode prescindir de dominar o tema das questões amazônicas. Afinal de conta estamos falando simplesmente de 65% do território nacional”.

Eron Bezerra também é professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e doutor em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia.

Seguindo a agenda em Manaus, a pré-candidata participa ainda nesta sexta (20) de um evento em defesa da democracia na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam). Pela tarde, a presidenciável participa de uma entrevista ao vivo na página do Portal A Crítica no Facebook. Perguntas para a pré-candidata poderão ser enviadas durante a transmissão da live.

Ato em Defesa da Democracia e do Brasil

 

Encerrando a agenda em Manaus, a pré-candidata à presidência da República Manuela D’Ávila (PCdoB) participou de um “Ato Político em Defesa da Democracia”, na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM), em Manaus, na noite desta sexta-feira (20).

Durante o ato, a presidenciável alfinetou o presidente Michel Temer, dizendo que ele não gosta de eleições e que tem copiado os textos da pré-candidata para usar em seus pronunciamentos.

“Como eu tenho a soma de votos dele e do Henrique Meireles, ele deve estar pensando no que fazer. Porque de eleição ele não gosta, de voto ele não gosta. Da última eleição que concorreu deputado ele não se elegeu, para presidente ele não se elegeu”, declarou Manuela se referindo ao fato de Temer ter feito hoje um pronunciamento no qual se compara a Tiradentes, após ela ter mencionado o personagem histórico brasileiro em uma fala recente.

Esta semana, a durante o lançamento de um manifesto da candidatura à presidência, Manuela comparou a situação atual do Brasil com o contexto histórico da morte de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. “O momento em que morre alguém pela liberdade do Brasil, em detrimento de um também brasileiro, José Silvério dos Reis, que entrega Tiradentes e os interesses da pátria. Trai a Tiradentes em troca de qualquer joguinho de moedas ou dos interesses de outros países”. Neste sábado (21 de abril) é celebrado o feriado de Tiradentes.

Em sua fala, Manuela também afirmou que está em curso no país um golpe político. “Como vocês sabem, nós interpretamos que vivemos um golpe desde o ano de 2016. O golpe não é só o impeachment, mas algo continuado. Qual a razão do golpe? É a negação de um projeto que foi derrotado nas urnas. Um programa comprometido com um conjunto de saídas à crise que não passava pelas saídas ultraconservadoras e liberais. O golpe se materializa para levar a cabo um projeto antinacional”, afirmou a pré-candidata que recebeu um cocar de uma liderança indígena durante o ato.