Os últimos dias úteis ajudaram a consolidar a pré-candidatura de Manuela à Presidência da República no enfrentamento ao golpe contra os direitos trabalhistas, após a aclamação dela no 14o Congresso do PCdoB, ocorrido no último final de semana. As diversas manifestações de lideranças políticas sobre a pré-candidatura também demonstram que o PCdoB age para unir amplos setores da sociedade brasileira em defesa da nação, contra o desmonte que vem sendo promovido pelo governo sem voto. 

Importantes veículos de imprensa latino-americanos também sinalizaram para a importância do papel de Manuela na disputa eleitoral. Jornais do Chile e do Uruguai, assim como a rede de notícia latino-americana Telesur destacaram a trajetória da deputada comunista e enumeraram algumas de suas principais propostas. 

“A jovem que busca um caminho próprio”. É como o jornal chileno El Mercurio intitula o perfil de Manuela D’Ávila na reportagem “Os novos rostos que podem chegar ao Palácio do Planalto”, publicada nesta quinta-feira (22). O semanário El Popular, do Uruguai, informou os principais temas do discurso da pré-candidata no congresso do PCdoB. A rede de notícias Telesur noticiou a aclamação de Manuela D’Ávila pelo Congresso do PCdoB e ressaltou a afirmação da deputada gaúcha de que “espera unir e fortalecer a esquerda do Brasil contra o governo do presidente Michel Temer”.
Essa será terceira vez que os comunistas apresentam candidatura em eleições presidenciais. Em 1930, a candidatura do carioca, operário e negro Minervino de Oliveira. O Brasil vivia a chamada República Velha e os trabalhadores estavam sob forte ataque e protestos que desencadearam a revolução de 1930. Quinze anos depois, em 1945 foi a vez do Partido Comunista do Brasil disputar as eleições com Yedo Fiúza, um engenheiro de tradição revolucionária e ex-prefeito de Petrópolis. Agora, o partido apresenta Manuela, “que representa especialmente as mulheres e a juventude da nossa terra. A parlamentar que é campeã de votos em seu estado.

Manuela marcou forte presença nas redes sociais, durante a semana, comentando os principais temas da conjuntura política, como a ação do Supremo Tribunal Federal (STF) de retomar um julgamento sobre a possibilidade de o Congresso decidir a mudança do sistema político brasileiro sem necessidade de consulta popular. “Mudar o sistema político sem debater com o povo, é golpe”, disse ela.
Por meio de transmissões ao vivo, de sua página no Facebook, ela ainda aproveita para responder perguntas da população. “Essa turma que organiza o ódio e faz com que o medo seja o tema central da política é a turma que não tem proposta para tirar o Brasil da crise”, afirmou a Manuela D’Ávila, comentando ainda sobre economia e educação, durante bate-papo ao vivo, na quarta-feira (22), que contou com mais de 12 mil visualizações, mil curtidas e mais de 700 comentários.

Candidatura que une

Foram inúmeras as manifestações positivas sobre o lançamento de sua pré-candidatura por parte de influenciadores progressistas, mostrando que Manuela D’Ávila “não divide a esquerda, pelo contrário, soma”. Foi assim que se expressou o jornalista Flávio Aguiar alertando para a necessidade dos petistas e demais setores da esquerda abrirem todas as portas e janelas diante de um cenário golpista de profundas incertezas. “A melhor imagem da semana passada foi a dela e Lula, de mãos dadas, apoiando-se mutuamente”, afirma ele sobre a cena durante o 14o. Congresso do PCdoB.

Sim, o ex-presidente Lula não economizou nas cenas de cumplicidade com Manuela durante o Congresso. Como se fosse pouco, ainda fez declarações sobre a importância da pré-candidatura em entrevista exclusiva ao Portal Vermelho. Para ele, Manuela dá uma oxigenada na disputa.  Segundo Lula, o fato de o PCdoB ter lançado candidatura própria “não muda em nada” sua proximidade com a legenda.

“Mas no momento em que nós percebermos que a coisa pode encruar nós teremos maturidade para juntar os cacos e sair juntos. Mas é um momento rico da disputa”, ressaltou ele, confiante na unidade das esquerdas.

Durante a plenária final do 14º Congresso do PCdoB, no domingo (19), em Brasília, Lula desmontou a tese divisionista e manifestou a sua satisfação com a pré-candidatura de Manuela D’Àvila à presidente da República pelo PCdoB.  “Qualquer partido de esquerda que quiser lançar candidato, que lance. Agora, se tiverem coragem a gente vai pra rua junto”, enfatizou Lula, reforçando que a candidatura de Manuela, como a de qualquer outro candidato é legítima. “A única coisa que vocês poderão estranhar daqui pra frente, é um belo dia eu começar a ir nos comícios da Manuela”, brincou. Na mesma plenária, a presidenta do PCdoB, Luciana Santos, enfatizou o esforço do PCdoB em lutar pela garantia da candidatura de Lula, como também Manuela destacou os aspectos comuns entre PT e PCdoB na defesa do Brasil e do povo brasileiro.

A presidente do PT e senadora Gleisi Hoffmann, que também compareceu ao ato, disse que o clima é de “resistência e de luta” e a pré-candidatura de Manuela tem um papel fundamental na mobilização e no debate com o povo brasileiro e na defesa da democracia.

O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), avalia como positiva a decisão do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) de lançar candidatura própria para a eleição de 2018, tendo o nome da deputada estadual pelo Rio Grande do Sul, Manuela D’Ávila, como pré-candidata. Wellington ainda elogiou a escolha do nome de Manuela para pré-candidata. “Tenho total sintonia, a Manuela D’Ávila com quem convivi no parlamento, é uma pessoa respeitadíssima e creio que está à altura para colocar seu nome”, destacou.

Outro importante quadro político que apontou o valor da pré-candidatura de Manuela, foi o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). “Em 2018, temos um quadro desafiador, porém promissor. E a pré-candidatura da Manuela integra esse conjunto de dados promissores na medida em que é um quadro político qualificado, experiente, vem de vitórias eleitorais expressivas no campo parlamentar e de um estado importante para a luta política nacional”, afirmou, otimista.

Na abertura do 14º Congresso, na sexta-feira (17), a presidenta nacional do PCdoB, deputada Luciana Santos (PE), reafirmou a importância do partido na disputa eleitoral de 2018. Segundo ela, neste ambiente de golpe que vive o país desde o impeachment sofrido por Dilma Rousseff, em 2016, as eleições se tornaram a “principal arena de luta de classes”.

“Estamos no mesmo campo. Os nomes que surgem para a disputa eleitoral possuem a legitimidade e a força de suas ideias. O ex-presidente Lula e Ciro Gomes são herdeiros da corrente política dos trabalhadores que se gesta na histórica greve de 1917, e que anos depois resultou na fundação do Partido Comunista, em 1922. Mas o PCdoB busca ser uma força política consequente e com audácia para propor novos rumos para o país”, destacou.

Neste contexto, Luciana reafirmou a busca do PCdoB por protagonismo no próximo pleito e oficializou a pré-candidatura da deputada estadual, Manuela D’Ávila (RS), à Presidência da República. “O PCdoB entrou para valer nesta disputa. Com Manuela, pré-candidata, o PCdoB irá interagir com o povo e os setores amplos da nação. Com a bandeira da Frente Ampla nas mãos, ela vai dialogar com a esquerda, com as forças democráticas, populares e patrióticas. Manuela irá ao encontro do grande anseio nacional de tirar o país da crise e encaminhá-lo para novos rumos de desenvolvimento e progresso”, reiterou Luciana.

Oportunidades para o debate

Antecipando-se numa disputa que guarda mais dúvidas sobre 2018 do que certezas, Manuela navega com amplo espaço para apresentar suas ideias. Inclusive na imprensa curiosa pela jovem deputada e as ideias de seu partido. Manuela  afirmou em entrevista à Folha de S. Paulo, publicada na segunda-feira (20), que há boas perspectivas para o PCdoB em 2018, diante de um momento de crise política e econômica tão aguda, “o que pode fazer com que as pessoas escolham nossa candidatura”.

Quando o assunto é economia, ela destaca que a elevação do investimento público e controle de juros e câmbio são alguns dos pontos a serem tratados na sua campanha. “O Brasil tem a tradição de baixos investimentos privados. Então o investimento público, o Estado como indutor da economia, é algo que historicamente ocorreu nos nossos melhores ciclos econômicos. Juros mais baixos, uma espécie de câmbio controlado. Achamos hoje que os juros e os câmbios não servem ao interesse do povo brasileiro”, reforçou.

Já na entrevista à revista Veja, ela reiterou que o anúncio de sua postulação não é apenas estratégia para marcar território, mas uma iniciativa no sentido de apresentar saídas para a crise do Brasil. “O PCdoB tem 95 anos. A nossa história é a prova de que não lançamos candidatura para causar”, disse.

“Temos uma interpretação muito parecida com a do PT sobre o passado. Mas as saídas para a crise nós temos as nossas e eles têm as deles. Sim, a gente acredita que vai se encontrar no futuro. Mas achamos que esse futuro é o segundo turno das eleições”, afirmou, dedicando a maior parte da entrevista ao debate econômico, em contraste com candidaturas que pregam o ódio e o medo, sem apresentar soluções para a crise do país.

Aclamação militante

Manuela D’Ávila foi aclamada pela militância do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) como pré-candidata à Presidência da República durante a abertura do 14º Congresso da legenda, realizado em Brasília, reunindo 600 delegados de todo o país. No discurso, ela apontou os rumos para a saída da crise e defendeu a construção de um projeto nacional de desenvolvimento com a formação de uma frente ampla.

“Hoje, certamente, vivo o momento mais bonito dessa trajetória, ao ser lançada pré-candidata à Presidência da República por nosso partido. Se o partido comunista é a honra do nosso tempo, como disse o Neruda, que honra enorme para mim ser a candidata dos comunistas à presidência do Brasil”, declarou.

Muito aplaudida e ao som de palavras de ordem como “Brasil independente, Manuela presidente!”, a pré-candidata afirmou que a proposta do PCdoB é promover o debate de um projeto nacional de desenvolvimento.

Durante entrevista coletiva, quando questionada por jornalistas sobre quais seriam os pontos que poderiam unificar os partidos numa frente ampla, ela apontou: “Acredito que são os partidos que têm compromisso com a justiça social, com investimentos em políticas públicas que diminuam as desigualdades e que o Estado seja o motor do desenvolvimento”.

“Nós precisamos fazer com o que o nosso povo sonhe novamente e que compreenda que, como diz o nosso hino, o ‘Brasil é um sonho intenso’”, argumentou.

Leia a íntegra do discurso de Manuela D’Ávila no 14o. Congresso do PCdoB:

Boa tarde, camaradas

Olho para esse plenário de nosso 14º Congresso e vejo rostos conhecidos. Vejo Luciana, nossa presidenta, negra, mulher, nordestina, com sua doçura  e firmeza revolucionárias. Uma mulher com a cara das mulheres desse Brasil: forte e doce, incansável. Uma Maria, maria. Uma Maria como Vanessa Grazziotin, como Alice Portugal, como Jandira, como Jô Moraes, como Marcivania, como Angela Baldino, como Perpetua Almeida, como Ana Julia.  Olho Renato, com sua busca incessante pela renovação de nosso Partido e atualização de nossas bandeiras. Posso ver Haroldo Lima com seus discurso firme e Aldo Arantes com sua persistência. Vejo a atualidade dos sonhos de Amazonas, de João, em tantos Joãos por aqui. Os Joãos com a cara do Assis, Orlando, do Davison, Daniel, Wadson, Inacio, Chico Lopes, Rubens, Marcio. E vejo Amazonas e todos nossos mártires do Araguaia e da Lapa na força, coragem e combatividade de nossos jovens da UJS, Carina, Mariana e Camila. Que transformadora a força das jovens mulheres!

Milito em nosso partido há 19 anos, desde meus 17 anos. Vivi muitos momentos de alegria contribuindo com a construção partidária e com nosso sonho de transformação do Brasil. Hoje, certamente, vivo o momento mais bonito dessa trajetória, ao ser lançada pré-candidata a Presidência da república por nosso partido. Se o partido comunista é a honra do nosso tempo, como disse o Neruda, que honra enorme para mim ser a candidata dos comunistas à presidência do Brasil.

É a terceira vez que o nosso partido faz isso. Em 1945 lançamos Iedo Fiúza, prefeito de Petrópolis, que teve uma grande votação, ao lado de Prestes, Jorge Amado, Maurício Grabois, João Amazonas dentre outros camaradas que foram candidatos. Foi nessa eleição que elegemos a bancada da Constituinte de 1946, responsável, por exemplo, pela emenda que garantiu ao Brasil liberdade religiosa. Mas eu gostaria de lembrar da primeira vez que um comunista foi candidato a presidente. Isso aconteceu em 1930, quando lançamos o vereador do Rio de Janeiro, Minervino de Oliveira. A primeira vez que os comunistas se lançaram à presidência foi com ele: operário e negro, um trabalhador da indústria do mármore no Rio de Janeiro.

Estamos, portanto, aos noventa e cinco anos, vivendo esse momento pela terceira vez e eu quero agradecer, sinceramente emocionada, a oportunidade de representar o nosso partido nessa caminhada. Esse sonho jamais passou pela cabeça daquela jovem que se filou a UJS em 1999 e aprendeu a amar o Brasil e a lutar pelo socialismo ouvindo as sábias palavras de Renato, Haroldo e Aldo Arantes.  Sou a primeira mulher a concorrer a Presidencia pelo Partido Comunista do Brasil, presidido por sua primeira mulher. Um Partido com tantas Heleniras, Pagus, Elzas, Gilces, Loretas. Um partido que em sua história fez valer a maxima que lugar de mulher é onde ela quiser. Que honra, camaradas. Que honra. Muito obrigada.

Primeiro, camaradas, gostaria de falar, mesmo que Luciana já o tenha feito em seu informe político, gostaria de falar sobre as razões que nos fizeram lançar uma candidatura. Nosso partido construiu nos últimos anos mudanças importantes no Brasil apoiando e participando dos governos Lula e Dilma. lutamos lado a lado com milhares de brasileiras e brasileiros contra o golpe de 2016. Resistimos ao desmonte do Estado, a retirada de direitos sociais e individuais promovidas por Temer. Somos as mulheres, os gays e negros que gritam contra a reforma trabalhista, a Emenda Constitucional 95.  Denunciamos a chamada neocolonização do Brasil. Mas, camaradas, acreditamos que o golpe encerra um ciclo político e é por isso, que, para nós, 2018 não pode ser momento de mero debate sobre o passado. Nós não queremos fazer da eleição um momento de acirramento da crise econômica e política. Nós queremos fazer da eleição um momento de construção de saídas. 2018 É momento de debate sobre o futuro. Que brasil viveremos em 2, 4, 10 anos?

Queremos que o Brasil retome o crescimento econômico, preservando direitos sociais e individuais. precisamos traduzir nosso projeto para as pessoas que vivem a crise em seus cotidianos. A crise faz com as pessoas percam as certezas sobre o futuro. A crise faz com as pessoas sintam medo do futuro. Nós precisamos fazer com o que o nosso povo sonhe novamente e que compreenda que, como diz o nosso hino o “Brasil é um sonho intenso”. É isso que eu estou falando, o Brasil é um sonho porque o Brasil é uma bela realidade, mas o Brasil ainda é também um projeto. E nós queremos discutir esse projeto, esse sonho em 2018. Queremos discutir um Projeto Nacional de Desenvolvimento.

Concretamente queremos discutir Se o Brasil vai se realizar plenamente como nação, ou seja, desenvolver todas as suas potencialidades como país, se teremos as condições para nosso povo viver em paz, com segurança, educação, saúde, com alimentação decente, cuidados à primeira infância e proteção para a velhice, condições de vida dignas para as mulheres, para os negros… queremos discutir se poderemos ter um regime democrático de verdade, na medida em que a desigualdade não vai mais levar o Brasil a uma situação de anomia social.

A chave para um Brasil com futuro é realizar esse sonho intenso, é unir o máximo possível de brasileiras e brasileiros em torno a um projeto de nação, de um sonho de futuro para o Brasil. Ou seja, o que pode viabilizar o projeto de desenvolvimento do país é a frente ampla. É a consciência das pessoas comuns, são os movimentos sociais, é a unidade de nosso campo político. Gosto da ideia de que uma candidatura   dos comunistas é uma  candidatura das pessoas  comuns e para as pessoas comuns. Um governo para transformar a vida da maior parte das pessoas, os comuns, o povo brasileiro.

Isso deve começar por mudanças radicais na economia. Hoje o Brasil é vítima de um tripé macroeconômico que tem como objetivo remunerar o rentismo, retirar as riquezas do trabalho para transferi-lo para o mercado financeiro.

É preciso mudar essa realidade.

Juros, câmbio e inflação: a gestão desses três preços macroeconômicos tem que que ser feita, mas tendo como lógica o desenvolvimento do país e não os interesses do rentismo. Esse foi o caminho trilhado pela China, país que tem um projeto de nação e que colocou esse projeto como o meio de resolver os seus problemas sociais. Um câmbio para tornar a nossas exportações competitivas; juros baixos que incentivem o investimento produtivo e tornem o crédito barato e o “fim do medo-pânico” paralisante do crescimento da inflação são a base para que voltemos a crescer.

Ao lado disso, o Brasil precisa de uma nova política industrial. Uma das tragédias do último período é a destruição da indústria brasileira, conquistada com tanto esforço. Hoje, quando olho pra esse plenário, vejo vários produtos que poderiam ser fabricados pelo nosso país, mas são feitos por indústrias estrangeiras. Quando eu falo de indústrias, não estou falando somente daquelas indústrias mais simples, essas nós até mantemos. Falo das indústrias de ponta, aquelas mais capazes de agregar valor.

Isso faz com que os empregos de qualidade, aqueles que podem remunerar melhor, fiquem lá fora e não aqui. Faz também com que fiquemos para trás na inovação, na medida em que um país sem indústrias é um país sem criatividade. Em última instância faz com que nossos jovens que se dedicam às áreas vinculadas à produção de tecnologia saiam do Brasil.

Para falar das indústrias, queria lembrar um conterrâneo meu. Quando a Revolução de 1930 foi vitoriosa, no seu primeiro discurso, Getúlio Vargas afirmou: nós precisamos montar a chamada indústria pesada: aço, eletricidade, a química de ponta. Notem, camaradas, Getúlio, mal tinha derrotado as oligarquias atrasadas, estava obcecado com o que havia de mais importante no seu tempo, estava nas grandes aquisições da chamada segunda revolução industrial.

Nós queremos sonhar o sonho de Getúlio: um país industrializado, voltado para a indústria do seu tempo. A indústria do nosso tempo é a chamada indústria 4.0. partimos de uma situação difícil, dada a destruição da indústria que assistimos nos últimos anos. Mas, por outro lado, há uma oportunidade importante. A indústria 4.0, por suas características, permite que pulemos fases, que nos adiantemos. desde que tenhamos decisão nesse sentido. E mais importante do que isso: desde que tenhamos um poder político que esteja a serviço do desenvolvimento nacional.

Nosso país, com um governo comprometido com o desenvolvimento, pode escolher alguns setores industriais para realizar uma política consciente de substituição de importações. Setores como o de Petróleo e Gás, Química Fina, Defesa e mesmo o agronegócio, são exemplos concretos disso.

Falando da química final, não é razoável que a maior parte dos remédios que consumimos sejam feitos com insumos estrangeiros.

Não é razoável também que exportemos Petróleo cru. Não é razoável que sendo o maior produtor de agrícola do mundo não tenhamos mais uma fábrica de fertilizantes ! Mesmo no vestuário, camaradas, uma indústria simples, importamos uma série de produtos estrangeiros para fabricar roupas como as pessoas estão usando neste plenário.
é necessário, portanto, um grande investimento em ciência, tecnologia e, especialmente, inovação. Um investimento que também esteja conectado com esse projeto de reindustrialização, ou seja, algo que atenda prioritariamente as demandas dessa nova indústria, de forma concentrada e com grande volume de recursos.

Preciso salientar que enquanto nossas mulheres permanecerem alijadas da produção de conhecimento tecnológico esse sonho é ainda mais distante. De cada 1000 jovens na graduação apenas 22 escolhem carreiras vinculadas a chamada indústria de inovação. Destes apenas uma é mulher. Ou seja, é preciso fazer com que nossas meninas tenham espaço nesse sonho de brasil desenvolvido, como há anos nos dizem as mulheres da UBM.

Uma outra questão nodal, camaradas, é o investimento público. Não há possibilidade de retomar o desenvolvimento sem um poderoso incremento do investimento público. Se for preciso, devemos cortar gastos em outras áreas para garantir essa massa de investimentos.

Devemos pensar em um grande Plano de Obras Públicas. Grandes obras feitas com capital privado e público. E nisso, penso que devemos ter concentração em dois setores: Infra-estrutura e moradia. Infra-estrutura porque esse é um dos mais graves entraves ao desenvolvimento e moradia porque essa é uma demanda enorme no país.

Um grande plano de obras públicas voltado para grandes obras de infra-estrutura e uma verdadeira revolução na política de moradias populares!!! Diante da crise torna-se ainda mais relevante o debate sobre moradia, regularização fundiária e equipamentos públicos.

Falei do público, mas temos que pensar no investimento privado também. Não podemos nos conformar com a ideia de que não há tradição no Brasil de investimento privado, como se isso fosse uma coisa que está escrita nas estrelas e não pode mudar.  

Precisamos falar sobre geração de empregos, camaradas. Se não pensarmos em  indústria do futuro, não geraremos empregos de qualidade pro nosso povo. Parece uma loucura que no momento em que o vivemos o ápice do desenvolvimento tecnológico a sociedade viva a maior crise do capitalismo. A tecnologia tem que estar a serviço de nosso povo, não o contrário. Por isso defendemos um referendo revogatório da reforma trabalhista.

Queremos investir em empregos de qualidade para que as trabalhadoras e os trabalhadores tenham redução de jornada, por exemplo, tenham mais tempo para viver a vida, como diz Mujica, a vida é a única coisa que o capitalismo não vende. Queremos que nosso povo viva a vida.

Camaradas, não existe nenhuma contradição entre as nossas lutas enquanto mulheres e as lutas dos negros, por exemplo, com nosso projeto de desenvolvimento. Como seria possível  desenvolver o país sem mais de 70% da população? Sem enfrentar a diferença salarial entre mulheres e homens, entre negras e brancas, negros e brancos? Então nosso projeto é o do povo brasileiro. E o povo brasileiro é negro e é mulher!

Camaradas, como sabem sou da terra de Getúlio mas sou também da terra de Brizola. Cresci ouvindo dele a ideia de que um grande brasil só aconteceria com um grande investimento em educação. Hoje tenho certeza disso. Como pensar em indústria sem pensar na manutenção e ampliação de nossos Institutos federais? Como fazer dessas escolas técnicas escolas nossas parceiras da indústria 4.0? Como pensar em crescimento da economia sem pensarmos em nossos jovens nas universidades públicas e privadas e na retomado da ampliação do investimentos em pesquisa?  

Alias, os estudos de Tomas Piketty sobre o capitalismo e desigualdade social evidenciam que não há outra ferramenta de diminuição de desigualdades senão o forte investimento público em educação.

Sempre que começo a falar em educação me lembro carinhosamente de nosso maior exemplo, o governador Flávio Dino. senhoras e senhores! Que revolução! Se eu pudesse resumir em poucas palavras seria compromisso com o futuro e eficiência. Toda vez que vejo uma obra de escola no Maranhão me lembro de Laura, minha filha, e a história dos três porquinhos. Quando Laura quer falar que algo é duradouro, ela fala que é tijolo. Flavio já fez mais de cem escolas de tijolo em contraposição às escolas de taipa e palha, metade da folha do funcionalismo é destinada aos educadores. Flavio criou a escola de tempo integral no Maranhão!

Toda vez que vejo um político, quase sempre homem, defender a diminuição do estado penso em nossas mulheres que são mães. Que diminuição é essa que não leva em conta que nós não temos escola em tempo integral para nossos filhos? Como isso dificulta nosso retorno ao mercado? Quem cuida de nossas crianças quando não estão na escola? Ou seja debater tamanho do Estado não é algo abstrato. É algo real, que interessa a nós mulheres. A escola de tempo integral de brizola e agora de flavio, a escola que garante tranquilidade à mãe trabalhadora. nós mulheres e mães sabemos, desde a centenária revolução russa e os registros feitos por Kollontai, que o Estado têm relação direta com nossas vidas e emancipação. Numa sociedade ainda machista como a nossa, a ausência do estado é uma punição às mulheres.

Flavio comprova que a experiência dos comunistas garante boa gestão, ou seja, eficiência do estado comprometida existência do Estado para os que precisam.  

Camaradas, um partido como o nosso não trabalha com a ideia de retomada do crescimento econômico com centralidade por acaso. Nossa razão de ser é buscar que as pessoas vivam com mais dignidade, com mais oportunidades. É por isso que nossa candidatura quer responder as principais angústias da população.

O que pode angustiar mais alguém do outro  do que não ter acesso à saúde para si ou para um filho? A diferença entre a vida e a morte não pode ser o dinheiro.  Os princípios do SUS, a universalidade, a integralidade, a gratuidade, a regionalização, a valorização dos trabalhadores da saúde são inegociáveis. Além disso, é possível pensar em como o segmento da saúde pode ser estruturante da retomada da indústria nacional. Farmacos, equipamentos, por exemplo. O brasil pode diminuir o déficit da balança comercial se investir na indústria da saúde.

É possível dialogar com o povo brasileiro sem debater o tema da segurança pública e das multiplas violências que sofremos? Candidaturas se forjam apenas organizando e agudizando o medo que as pessoas sentem em função da violência nos grandes centros urbanos. Nós achamos que é papel do Estado enfrentar esse tema. Até porque, camaradas, foi-se o tempo em que podíamos afirmar apenas que a desigualdade social gera violência urbana. Hoje a violência faz parte do sistema de produção e perpetuação da miséria, afinal, quem passa pelo sistema carcerário é marcado para ser para sempre pobre.

Queremos andar com nossos filhos nas ruas, queremos parar de enterrar nossos jovens. Percebam que estamos falando de 60 mil mortes por ano em homicídios, 40 mil jovens executados. São mais mortos do que todas as guerras de nosso tempo. Estamos falando da juventude negra  exterminada. Queremos rede de proteção para nossas mulheres vítimas de violência, queremos rede de proteção para as vítimas de homofobia.

creio que fazer o povo brasileiro viver em paz é um dos maiores desafios de nosso tempo.

Portanto, falar em segurança é falar em política pública, em criação de ministério, em investimento federal, em modernização e inteligência, em fiscalização das polícias, em valorização dos polícias. Falar em combate a violência e falar em viver em paz é o esforço para a garantia do respeito a quem nós somos, as nossas individualidades enquanto mulheres, negros, gays, jovens.

Os jargões da internet, os discursos de ódio, a propagação do medo não salvam vidas, não resolvem nossos problemas e medos reais.

Mas falar em viver em paz também é falar sobre educação e voltamos a esse assunto. Uma política séria de diminuição da violência deve devolver aos professores as condições de dar aula. Enquanto alguns falam em escola com mordaça, nós falamos em escola modernizada, segura, que garante oportunidade para todos.

Nossa candidatura defende um pacto pela paz, com prioridade absoluta nos investimentos para que nossas crianças e jovens de 0 a 18 anos, para que todos estejam na escola. É preciso buscar, ativamente, aqueles que evadem de nosso sistema escolar. Pouco se fala nisso, mas quem sai da escola entre o 5º e 6º anos, um ano depois aumenta em 50% de chance de praticar violência.

Construir uma política de combate a violência é garantir um brasil de oportunidades iguais para todos.

Camaradas, nossa pré-candidatura não se soma aquelas que desconstroem a política e, portanto, agravam a crise brasileira. Sabemos que a crise no Brasil tem origem política e, portanto, a saída da crise também é política. Não existem candidaturas de outsiders. Nada mais a cara do sistema do que buscar soluções que pareçam estar fora dele.

mas se é verdade que a saída é política – e por isso defendemos uma frente ampla, popular, de diálogos com os cidadãos e cidadãs – também é verdade que  defendemos que a política precisa ser reformada, renovada, representando os interesses da população, das pessoas comuns.

Nossa candidatura é a candidatura dos que compreendem a necessidade de lutar para o Brasil dar certo para o povo brasileiro!

Parafraseando Thiago de Mello que com seu poema deu nome a nosso congresso
Faz escuro mas nós cantamos,
Porque o amanhã vai chegar
Vamos juntos, pessoal
Trabalhar pela alegria
Um beijo e boa luta!

Com informações do Portal Vermelho