Na noite do dia 9 de dezembro o velho e belo estádio do Pacaembu, palco de tantas glórias futebolísticas, abriu as portas do seu Museu do Futebol para homenagear aquele que foi o maior cronista do esporte bretão em terras brasileiras: Nelson Rodrigues.

“A posteridade é o cenário perfeito para que os desafetos reavaliem a obra rodriguiana sem ressentimento retroativo. Mas há, grosso modo, um terceiro grupo que o fantasma de Nelson Rodrigues continua a assombrar: o dos que não acreditam no Brasil. A estes é endereçada esta seleção de crônicas”. Com essas palavras e muitas outras lembranças, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, assina a apresentação do livro “A Pátria de Chuteiras”.

Com o lançamento dos livros “A pátria de chuteiras” e “Somos Brasil” resgata-se uma parte da obra de Nelson Rodrigues com o objetivo de propiciar aos estudantes das escolas públicas do país conhecerem seus textos, análises, críticas e o olhar mordaz e irônico sobre o futebol e a vida do seu tempo. Aproveitando todo o ambiente criado no Brasil com a preparação e realização da copa do mundo em 2014, a iniciativa visa a atingir as escolas, para onde serão distribuídos exemplares, principal público alvo dessa empreitada literária que visa a estimular a leitura.

O primeiro livro trata-se de coletânea de 40 crônicas futebolísticas produzidas nos anos 1950 e 1970, selecionadas pelo próprio ministro, enquanto o segundo nada mais é que uma belíssima conjunção de fotos daquelas épocas com suas crônicas mais voltadas para a seleção brasileira, numa edição bilíngue que faz um passeio pela Brasil de Nelson Rodrigues. As crônicas revelam que o futebol foi a metáfora utilizada pelo escritor para apresentação e divulgação de um Brasil eficiente e vitorioso.

A partir da iniciativa do ministro do esporte, Aldo Rebelo, uma grande parceria englobando o próprio Ministério do Esporte, o BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – e a Editora Nova Fronteira, as publicações retratam  as avassaladoras paixões  esportivas do grande escritor: o futebol, o Fluminense e, claro, a seleção brasileira. 

“A ideia surgiu no Ministério do Esporte por causa dos grandes eventos esportivos e por causa da expressão que Nelson Rodrigues deu ao futebol. Ele dramatizou a arte do futebol. A publicação dessa obra é uma homenagem ao nosso futebol”, explicou Aldo Rebelo.

Com um público composto principalmente por ex-futebolistas, dirigentes esportivos de clubes e de órgãos públicos municipais e estaduais e familiares de Nelson Rodrigues, o evento resgata a popular e controversa obra literária do autor brasileiro, que marcou época na dramaturgia  e no jornalismo esportivo. Seu amor pelo futebol e pelo Brasil e sua capacidade inigualável em analisar o país e a alma brasileira a partir do desenrolar dos grandes jogos travados nas quatro linhas, lhe renderam um lugar muito particular e especial, não apenas na literatura mas em aspectos culturais mais amplos, e que, a partir de agora, chegará a um público mais jovem e que provavelmente ainda não teve oportunidade de se deliciar com seus textos.

Entre os convidados, havia familiares do autor. “A obra do Velho [Nelson Rodrigues] sempre desponta. É o indivíduo, é o brasileiro, particularmente no futebol. O Velho viu como o futebol pode unir, como o futebol é congregador”, disse Nelsinho Rodrigues, filho do escritor. Ele contou ainda que o pai profetizou o momento por que passa o país. “Daqui a poucos anos, o Brasil que está emergindo será uma grande nação e o futebol será o grande congregador desta nação”, relatou Nelsinho.

Também estiveram presentes ao lançamento a vice-prefeita de São Paulo, Nádia Campeão; o assessor especial da presidência do BNDES, Gustavo Henrique da Costa, representando o presidente Luciano Coutinho; o secretário estadual de Esporte, Lazer e Juventude de São Paulo, José Auricchio, representando o governador Geraldo Alckmin; o secretário municipal de Esporte, Lazer e Recreação de São Paulo, Celso Jatene; o secretário de Futebol e Direitos do Torcedor do Ministério do Esporte, Toninho Nascimento; e a diretora editorial Leila Name, em nome dos titulares das obras de Nelson Rodrigues e da editora Nova Fronteira. A Fundação Maurício Grabois também se fez presente com a participação do seu presidente, Adalberto Monteiro.