Em 1963, Freire executou um notório projeto de alfabetização de mais de 300 adultos em 40 horas, na cidade de Angicos, no Rio Grande do Norte. A experiência foi um sucesso tão grande que, em princípios de 1964, pouco antes do golpe que daria início à Ditadura Militar, o então presidente João Goulart havia oficializado o método de Freire no Plano Nacional de Alfabetização. O que, no entanto, não pôde ser posto em prática por conta da deposição do presidente, das novas políticas autoritárias do governo ditatorial, e a prisão e exílio de Freire. A partir de então, o educador percorreria mais de 50 países, lecionando em diversos centros universitários e aplicando o seu método de alfabetização pelo mundo, sendo amplamente reconhecido e respeitado.
 
 
Defendendo que uma pedagogia da libertação deveria substituir a pedagogia da dominação, Freire publicou dezenas de livros, é doutor honoris causa em pelo menos 35 universidades pelo mundo, e é referência para formação de professores e educadores em diversos países. Seu livro mais famoso, Pedagogia do Oprimido, foi traduzido para mais de 30 idiomas, sendo a terceira obra mais citada no mundo na área de humanas, segundo estudo da London School of Economics de 2016. Freire é hoje um dos mais conhecidos intelectuais brasileiros. Para saber mais, o portal Grabois replica a lista que o Jornal da USP preparou em homenagem ao centenário de Paulo Freire. Os conteúdos trazem informações sobre o educador e discussões da sua obra.

Por que celebrar o centenário de Paulo Freire?

Moacir Gadotti, professor aposentado da Faculdade de Educação (FE) da USP e presidente de honra do Instituto Paulo Freire, destaca no artigo como o educador continua sendo a grande referência de uma educação como prática da liberdade e de uma educação popular. “Não há dúvida de que Paulo Freire deu uma grande contribuição à educação para a justiça social e à concepção dialética da educação. A pedagogia autoritária e seus teóricos combatem suas ideias justamente pelo seu caráter emancipatório e dialético. Seja como for, aceitemos ou não as suas contribuições pedagógicas, ele constitui um marco decisivo na história do pensamento pedagógico mundial”, escreve Gadotti. Confira o artigo completo aqui
Moacir Gadotti e Paulo Freire – Foto: acervo.paulofreire.org
A professora Lisete Arelaro ao lado de Paulo Freire – Foto: Reprodução/FEUSP

Mais que nunca, é preciso Paulo Freire

O texto traz um pouco da trajetória do educador, sua concepção de educação e sua importância mundo afora, além da recepção atual de sua obra. A Professora Emérita da Faculdade de Educação (FE) da USP Lisete Arelaro, que conviveu com Freire, é entrevistada na matéria e explica por que as ideias de educação do patrono da educação brasileira continuam atuais. Clique aqui para ler o texto.
Minicurso gratuito fala sobre questões de didática e avaliação em Paulo Freire
A Cátedra Alfredo Bosi de Educação Básica promoveu um minicurso aberto sobre o centenário de Paulo Freire voltado a professores do ensino básico, alunos de licenciatura e pesquisadores. A transmissão aconteceu pelo YouTube e a aula foi ministrada pela professora Bernardete Gatti, docente aposentada da USP. Foram abordadas as ideias pedagógico-sociais nas obras de Freire, o conceito de didática, o conceito de “dodiscência” e suas implicações na relação professor-aluno e o sentido social do ensinar/aprender/avaliar, entre outros aspectos da obra e trajetória do educador.
Seminário internacional sobre centenário de Freire discute legado do educador no Brasil e no mundo e atualidade do seu pensamento
Organizado pela Faculdade de Educação (FE), o seminário Ano 100 com Paulo Freire: tempos, espaços, memórias, discursos e práticas aconteceu entre os dias 7 e 10 de setembro, transmitido pelo YouTube. O evento trouxe especialistas nacionais e internacionais para conversar sobre diversas facetas de Freire.
 

O legado de Paulo Freire no Brasil e no Mundo

 

Contribuições para a formação de professores

 

O legado de Paulo Freire no Brasil e no Mundo

 
 

Abertura e Seminário Educação como Esperança e Prática de Liberdade:

 

Podcasts abordam educação libertadora proposta por Paulo Freire, que une vivência e conhecimento

 
Renato Janine Ribeiro, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, fala em seu podcast Ética e Política sobre o “grande legado de Paulo Freire”, que é o método que valoriza as vivências do educando e busca a libertação de opressões. Ele defende as ideias de Freire no livro Pedagogia do Oprimido: “Alguém quer, em sã consciência, uma sociedade de pessoas oprimidas, humilhadas? Para que a nossa sociedade seja boa, você precisa que as pessoas estejam realmente diante de oportunidades parecidas, iguais.” Clique no player acima para ouvir.
 
O professor Ricardo Alexino Ferreira, da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP, fala no episódio Em defesa de Paulo Freire sobre o pensamento do educador. Alexino discute a visão de Freire da prática educacional: o pedagogo não acreditava que aluno e educação fossem inertes, marcados pela técnica ou por uma neutralidade. Para Paulo Freire, o sistema de relações sociais dominantes cria uma cultura do silêncio, e o aluno deveria desenvolver uma consciência crítica a fim de reconhecer que essa cultura do silêncio é criada para oprimi-lo.
 
O economista Luiz Bugarelli, estudante de História na USP e integrante da coordenação da Escola Nacional Paulo Freire, é entrevistado no podcast Brasil Latino sobre a vida e obra de Paulo Freire, em comemoração ao seu centenário.
 
A importância da pedagogia freireana para a educação socioambiental é discutida no podcast Ambiente É o Meio, a partir da valorização de Paulo Freire à relação do ser humano com o mundo. Para falar sobre isso, o professor Ivo Dickmann, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Chapecó (Unochapecó), foi convidado. A importância, para Freire, da relação do ser humano com o mundo é o principal link que permite aproximar sua pedagogia à pedagogia ambiental.

Paulo Freire aplicado à prática jornalística: como fazer um jornalismo emancipatório?

A educação não foi a única área que se beneficiou das contribuições teóricas de Paulo Freire. O jornalismo é visto sob uma ótica freireana no livro Jornalismo e Emancipação: Uma Prática Jornalística Baseada em Paulo Freire, de Dennis de Oliveira, professor do Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. Publicado em 2017, o livro tem 173 páginas e pode ser encontrado no site da editora Appris.
A publicação é assunto no podcast Diversidade em Ciência, em que Oliveira é entrevistado e apresenta conceitos e propostas do educador e filósofo Paulo Freire relacionados à prática do jornalismo. A entrevista é dividida em três blocos:

Revista de Estudos Culturais teve edição dedicada inteiramente a Paulo Freire

A quinta edição da Revista de Estudos Culturais, produzida em 2020 pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos Culturais da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP Leste, traz o Dossiê Paulo Freire. Todos os seis artigos interdisciplinares estão disponíveis on-line e trazem propostas de diálogo entre a obra de Freire e áreas distintas do conhecimento. Pesquisadores de outras unidades da USP e até mesmo de outras universidades foram convidados a colaborar. Confira:

Revista Educação e Pesquisa aborda a visão de igualdade e liberdade para Freire

No volume 45 da revista Educação e Pesquisa, produzida em 2019 pela Faculdade de Educação (FE) da USP, o texto de Walter Omar Kohan, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), fala sobre Freire e o valor da igualdade em educação, a partir do sentido filosófico de igualdade em uma educação que quer ser libertadora. Já no volume 47, deste ano, a produção de Andressa Urtiga Moreira e Lúcia Helena Cavasin Zabotto Pulino, ambas da Universidade de Brasília, explora o conceito de liberdade. Elas discutem essa liberdade a partir das contribuições de Paulo Freire e de Lev Vigotski, psicólogo bielorrusso, na perspectiva da educação e direitos humanos.