Mais novo livro do jornalista Leonardo Wexell Severo, “Curuguaty, o combate paraguaio por Terra, Justiça e Liberdade” (Editora Papiro, 100 páginas, R$ 20) será lançado nesta sexta-feira na livraria Martins Fontes da avenida Paulista.

A obra mostra como em um acampamento de trabalhadores sem-terra em Curuguaty, no Paraguai, foram mortos 11 camponeses e seis policiais no dia 15 de junho de 2012. O “enfrentamento”, denuncia o autor, “foi provocado por franco-atiradores com as digitais dos Estados Unidos” e envolveu 324 policiais fortemente armados com fuzis, bombas de gás, cavalos e até helicóptero. Do outro lado, menos de 60 camponeses, metade deles mulheres, crianças e idosos.

Farsa

Passados quase seis anos, explica Leonardo, temos quatro camponeses condenados a até 35 anos de prisão por “homicídio doloso”, “associação criminosa” e “invasão de imóvel alheio”, crimes que não cometeram. “Os mortos foram atingidos por armas de grosso calibre, que não foram encontradas com os sem-terra; a associação era uma organização, prevista em lei pelo próprio governo para reivindicar o local; e a terra em litígio é pública. Portanto, o livro se dedica a desmontar uma farsa”, afirma. A chacina, observa, “serviu de justificativa para afastarem o presidente Fernando Lugo uma semana depois”.

“Como observador internacional, Leonardo Severo acompanhou de perto o processo no Palácio de Justiça, em Assunção. Esta presença lhe possibilitou desnudar como uma farsa jurídico-midiática serviu de combustível para o golpe contra Lugo”, destaca João Felicio, presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI). Na avaliação de Felicio, é uma obra esclarecedora que conclama à solidariedade aos presos políticos paraguaios, vítimas de um processo completamente irregular e ilegal.

Manipulação

“É um livro-reportagem que mostra didaticamente, passo a passo,  como os grandes latifundiários e as transnacionais trabalharam incansavelmente para afastar o presidente Lugo, visto como um obstáculo para as suas políticas, e ao mesmo tempo enterrar qualquer perspectiva de reforma agrária”, aponta Claudio da Silva Gomes, presidente da Confederação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira (Conticom). De acordo com Claudinho, “mais do que nunca, é preciso estar atentos com o que se passa no continente, pois o processo de ruptura com a lógica neoliberal, dependente e excludente que nos é imposta de fora e adotada por governos servis, necessitará da nossa consciência e unidade”.

“Neste livro, Leonardo Severo nos brinda uma leitura bastante clara sobre a manipulação realizada pelos meios de comunicação do Paraguai. É uma reportagem profunda, repleta de dados e informações que desvendam as versões que pretendem incriminar inocentes”, acrescenta o vice-presidente da Conticom, Luiz de Queiroz. É um texto, enfatiza, “que relembra o alerta de Eduardo Galeano: enquanto os leões não tiverem os seus próprios historiadores, as histórias de caçadas continuarão glorificando o caçador”.

Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação (Contac), Siderlei de Oliveira, “estar informado sobre esta injustiça cometida por um governo golpista é o melhor combustível para ficar inconformado e lutar contra ela”. “O livro retrata a perversão e o abuso cometido contra camponeses que necessitam da nossa voz e da nossa mobilização para sair da prisão, para deixarem de ser punidos por um crime que não cometeram. É um texto curto e grosso, bastante objetivo, que se torna uma leitura obrigatória nestes tempos de tantas e tamanhas injustiças”, acrescenta.

Segundo Guillermina Kanonnikoff, membro do Movimento de Solidariedade aos camponeses de Curuguaty e ex-presa política da ditadura de Alfredo Stroessner, “mais do que uma soma de reportagens colhidas no calor dos acontecimentos, a obra relata, de forma didática e direta, a comovente história de amor e abnegação dos camponeses de Curuguaty em sua incansável luta pela reforma agrária”. Para além de um livro, sublinha, “temos a convicção de que esta é uma conclamação à solidariedade, que fortalecerá não só a caminhada pela libertação dos nossos presos políticos, como pela integração de nossos países e povos”.

Direitos Humanos

Para o jornalista e cientista político Dermi Azevedo, renomado batalhador pelos direitos humanos, “a solidariedade com os presos políticos paraguaios é uma exigência moral e ética”. “Principalmente para nós, brasileiros, que precisamos, nesta hora, de gestos solidários de apoio à democracia e contra as novas falsidades do império”, conclui.

 

QUANDO – 27 de abril, sexta-feira, das 18h30 às 21h30.

ONDE – Livraria Martins Fontes, Avenida Paulista, 500, Metrô Brigadeiro, São Paulo-SP.

CONVÊNIO COM ESTACIONAMENTO – Rua Manoel da Nóbrega, 88 ou 95.