Resistir é preciso. Resistir ao fascismo é imprescindível.

E resistir é, acima de tudo, o único caminho que a história reserva aos democratas, aos libertários e aos humanistas do Brasil e do mundo.

Uma eleição não é garantia automática de democracia. Hitler ascendeu ao poder na Alemanha em 1933 depois de ter sido eleito. Em questão de meses, o hitlerismo foi convertido em filosofia oficial e em política de Estado do nazismo.

Não temos o direito de ser ingênuos. O mesmo pode acontecer no Brasil, se nada for feito para deter o itinerário que leva ao precipício nazi-fascista. A justiça eleitoral, entendo eu, dá evidentes sinais de ter se convertido em quartel-general do bolsonarismo.

Bolsonaro não é um acidente de percurso. Ele é a opção consciente, a aposta escolhida pela classe dominante para cumprir 2 missões especiais no próximo período.

A primeira missão consiste em exterminar o petismo, os progressistas, os democratas e tudo o que a esquerda representa e que o neoliberalismo desconstrutivo da democracia tolerou, como a diversidade, a igualdade, a pluralidade, a justiça social, a liberdade, a democracia e os pobres no orçamento e nas prioridades públicas, para implantar um regime duro, de terrorismo econômico, político e social.

Bolsonaro deixou isso claro na manifestação macarthista que fez no Facebook depois que sua eleição foi matematicamente confirmada: “não podíamos mais flertar com o socialismo”.

A segunda missão do nazi-bolsonarismo consiste em implementar um projeto econômico selvagem e ultraliberal de caráter anti-povo, anti-nação, anti-soberania e anti-democracia que unifica todas as frações da classe dominante em torno de um novo pacto de dominação do establishment diante da crise mundial do capitalismo iniciada em 2008.

O posicionamento dúbio de expoentes da burguesia nacional [como FHC]; do PSDB, do MDB e de intelectuais orgânicos da classe dominante diante do avanço do nazi-bolsonarismo é clara evidência da funcionalidade do Bolsonaro aos interesses estratégicos e históricos da elite.

Na Alemanha dos anos 1930 a adesão da aristocracia, da burguesia e do grande capital alemão; assim como da elite, das monarquias e de todo estamento europeu ao hitlerismo e a Hitler adotou estas 2 premissas infames. A resultante, todos sabemos, foi o holocausto; uma das maiores tragédias da história da humanidade.

Auschwitz, que Hitler considerava o “ânus da Europa”, a chaminé que livraria a Alemanha dos judeus, é o que Bolsonaro representa hoje, como encarnação do antipetismo racista.

É preciso, antes de tudo, ter a consciência de que o fascismo não é um fenômeno datado, um episódio guardado na prateleira da história do período entre-guerras do século 20 – e, portanto, um fenômeno inofensivo que só pertenceu ao passado.

O fascismo, segundo ensina o historiador britânico Roger Griffin, é uma tradição política que se situa entre o liberalismo e o socialismo e, portanto, representa uma ideologia viva de poder que pode se tornar majoritária em processos eleitorais formais.

O peso crescente da extrema-direita nas eleições europeias desde os anos 1980 na Europa são prova disso.

O fascismo no Brasil finalmente saiu do esgoto das redes sociais e das mídias digitais. Agora está presente na arena pública através da figura torpe, ridícula e estúpida do Bolsonaro.

O fascismo ocupará a presidência no Brasil não sem a oposição de mais de 47 milhões de brasileiros e brasileiros que terão no Haddad, no PT, no PSOL, no PCO, no PCdoB e em todos os setores democráticos, humanistas e libertários, o enfrentamento e a resistência que farão abreviar sua existência.

No discurso final de campanha, Haddad declarou que um professor não foge à luta. Nós não faltaremos a essa missão histórica.

Eles não passarão.

Publicado em Jeferson Miola