Senhoras e senhores presentes nesta Sessão Solene, queridas deputadas, caros deputados, e todos aqueles que nos ouvem pelo rádio e pela TV Câmara 

Saudamos a presença significativa dos representantes dos partidos PT, PDT, Psol, PSDB, PSL, PSD e DEM.

Gostaria de retomar neste momento grave e ao mesmo tempo histórico do parlamento brasileiro o bom debate aqui realizado há exatamente 35 anos, desta mesma tribuna, quando nosso representante nesta Casa – o deputado federal Aurélio Peres – que fez um discurso significativo em 1983, lembrando os cem anos da morte do pensador alemão, filósofo, economista e cientista social Karl Marx, falecido em 1883.

Aurélio é um operário comunista, que naquela legislatura fora eleito pelo PMDB, já que o PCdoB estava impossibilitado pela Lei Partidária de então a ter representação legal.

Naquela sessão plenária da Câmara, Aurélio dedicou suas palavras ao homem que havia dado sua vida ao estudo da realidade criada pela Revolução Industrial dos séculos 18 e 19. Marx deu enorme contribuição teórica e prática para desvendar os mistérios da sociedade capitalista e que também forneceu alternativas para que a Classe Operária, os trabalhadores do campo e da cidade e seus aliados pudessem superar a exploração do homem pelo homem e construir uma transição para a nova sociedade de pessoas livres da opressão tanto econômica e social quanto política e cultura, o Socialismo!

Disse desta tribuna o deputado operário: “É totalmente impossível calcular o que o operariado militante da Europa e da América e o que a ciência histórica perderam com a morte deste homem. Logo se fará sentir o claro que se abriu com a morte desta figura gigantesca, disse o seu amigo Friedrich Engels – nas últimas palavras que lhe dirigiu à beira do túmulo, no dia 17 de março de 1883, no cemitério de Highgate, em Londres”.

Hoje – 200 anos do seu nascimento e 135 anos após a morte de Marx – posso dizer que passou o tempo suficiente para que um pensamento pudesse ter passado pelo crivo da história… eis que o nome de Karl Marx se ergue com vigor e importância ainda maior do que quando da sua morte em 1883.

O pensamento de Marx foi fruto de seu tempo – e das contradições daquela época – e não de alguém apartado dos problemas dos trabalhadores. Assim, ele foi capaz de unir o que de mais avançado havia sido possível gerar a filosofia alemã, especialmente as contribuições de Hegel; o que mais progressista havia sido criado pelo socialismo francês, com as ideias de Proudhon, de Fourrier e Saint Simon; e como o que de mais evoluído tinha sido desenvolvido pela economia política inglesa desde Adam Smith e David Ricardo.

Utilizando o método do materialismo dialético e histórico, Karl Marx analisou a fundo o sistema capitalista em suas entranhas, descobrindo como se processa a apropriação pelos donos das fábricas do trabalho não pago aos trabalhadores que produzem as riquezas, a chamada mais-valia. Da mesma maneira Marx estudou criticamente o desenvolvimento do capitalismo, que se manifesta através de crises cíclicas, como a crise que se instalou no início do século passado, em 1929 com a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, além da crise que assistimos recentemente nos anos 2007/2008 – cujas consequências estamos sofrendo ainda hoje no mundo inteiro, dez anos após seu desencadeamento.

Estas constatações não são apenas essenciais para os que vivem do trabalho. Os próprios capitalistas, através de seu principal órgão de divulgação – a revista The Economist – agora no aniversário dos 200 anos do nascimento de Marx, publicou um artigo de fundo em sua edição de maio último com o título: “Governantes de todo o mundo, leiam Karl Marx! ” Parafraseando a consigna que está gravada no Manifesto do Partido Comunista: “Proletários de todo o mundo, uni-vos! ”

De sua morte até nossos dias, o pensamento de Karl Marx e de Friedrich Engels – seu companheiro de luta teórica e prática e coautor de várias obras como o manifesto acima citado – o impacto dessa elaboração teórica foi gigantesco, tornando-se referência para a transformação da face de mais de 1/3 da humanidade com a Revolução Russa, a revolução vietnamita, a revolução chinesa, coreana e a revolução cubana, entre outras.

Mesmo nos países capitalistas desenvolvidos, as conquistas dos operários e dos trabalhadores nos países socialistas tiveram grande repercussão, na medida que foram criadas condições para avanços nas reivindicações por melhores condições de vida e de trabalho.

Neste mesmo sentido os comunistas são a favor do desenvolvimento econômico no Brasil – ao contrário do quanto pior melhor – de maneira a promover a distribuição de renda, ao contrário da concentração de riqueza nas mãos de poucos como acontece no país que é um campeão da desigualdade econômica e social no mundo – um desenvolvimento soberano e não dependente de economias estrangeiras – fundado no desenvolvimento da ciência e tecnologia e inovação autônomos – num ambiente democrático e progressista, expurgado da xenofobia, do isolacionismo, do fascismo, de todo o tipo de preconceitos. Este é o Brasil que queremos nesta ocasião em que comemoramos os 200 anos do nascimento desta figura magna da história da humanidade que foi Karl Marx.