O número de membros fundadores do Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (BAII) ainda está crescendo. Neste “círculo de amigos”, a adesão do Brasil não atraiu muita atenção. No entanto, em relação à distribuição geográfica dos membros fundadores, o Brasil é, até agora, o único país latinoamericano a mostrar claramente sua vontade de se integrar no BAII. Sem dúvida, a adesão do Brasil aumenta a representatividade do BAII e, neste sentido, a adesão da África do Sul tem o mesmo significado.

Na realidade, a consideração estratégica da adesão do Brasil ao BAII não é limitada a isso. Segundo análises das partes política, comercial e acadêmica brasileiras, o BAII representa a aceleração do ritmo da transformação do sistema internacional, sobretudo a formação da multipolaridade da governança econômica global.

Quanto à história moderna do Brasil, o sonho de construir um país poderoso é sempre o foco das suas estratégias externas. Limitado à falta de “poder duro” econômico e militar, o Brasil sempre persiste na ampliação da sua influência internacional por meio da ativa participação multilateral, de forma a ganhar a reputação na comunidade internacional.

Nas últimas décadas, os países emergentes ascenderam conjuntamente na área econômica, e a colaboração interna entre estes países impulsionou a mudança da estrutura da governança da economia mundial. A fundação do G20, a institucionalização da cooperação dos países dos Brics, e as reformas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial são marcas desta tendência. Como um importante representante dos países emergentes, o Brasil não só é um dos elementos motrizes, mas também um participante indispensável que obteve “benefícios políticos” significativos. Os diplomatas brasileiros até concluiram que “na cooperação entre os países emergentes, especialmente Brics, o Brasil ganhou o maior benefício.”

A proposta da criação do BAII e a ampliação do número dos países fundadores mostram o aprofundamento contínuo da transformação da estrutura econômica global. A resposta ativa do Brasil é altamente consistente com as estratégias externas do país, tais como “reforço de cooperação sul-sul”, “participação ativa na governança da economia multilateral global”, “promoção da transformação do sistema mundial”, etc., além da continuação de uma série de práticas anteriores do país na governança da economia global.

Além disso, como o foco econômico mundial está mudando à região do Oceano Pacífico, os países latino americanos, incluindo o Brasil, têm iniciado reajustamentos das suas estratégias diplomáticas. A sua consideração nuclear é se integrar na cadeia de produção da região Ásia-Pacífico através da colaboração interna do sistema, buscar oportunidades da exportação dos produtos de alto valor agregado, além de estabilizar a exportação à Ásia, e realizar a transformação e atualização da sua própria estrutura industrial.

Diante da atual tendência de cooperação inter-regional do mundo, a abertura da economia brasileira é relativamente mais atrasada, enfrentando graves desafios de “marginalização”. Neste sentido, a adesão do país ao BAII, cujo foco é a construção de infraestruturas asiáticas, dá sinais de “mudanças” do desenvolvimento econômico brasileiro. Além disso, vale ressaltar que o Brasil tem competitividade internacional no setor de infraestruturas, como por exemplo, empresas brasileiras tais como Odebrechet, Camargo Correa, e Queiroz Galvão, acumularam resultados e experiências operacionais impressionantes no setor da construção de infraestruturas na Amércia Latina e África. Por isso, o potencial espaço de desenvolvimento nas infraestruturas asiáticas são mais atraentes para o Brasil. Em vista disso, como país fundaor, o Brasil espera ter prioridade de acesso à concorrência do mercado asiático em construção e projetos de infraestruturas e ganhar maior lucro possível.

Por outro lado, a adesão do Brasil ao BAII também faz uma parte radical da cooperação sino-brasileira na finança internacional, continuando a coordenação e cooperação dos dois países nos importantes assuntos internacionais, incluindo as reformas do Banco de Desenvolvimento de Brics e da reforma do sistema financeiro global, entre outros, explicando a nova posição das relações sino-brasileiras de “destino comum” definida pelos governos dos dois países.

*Zhou Zhiwei, diretor executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto de Estudos Latino Americanos da Academia Chinesa de Ciências Sociais

Publicado em Diário do Povo Online